Os Filmes da Mostra

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Algodão-doce

Título original: Ghazal el banat - غزل البنات
1949, Egito, 35mm, pb, 120’
Idioma: árabe (legendas em português e inglês)
Direção: Anwar Wagdi
Elenco: Naguib Al Rihani, Laila Mourad, Anwar Wagdi
Sinopse: Hamam, professor de uma escola de ensino fundamental, foi demitido por não ser capaz de controlar as alunas travessas. Sentindo-se pessimista em relação à vida, é encaminhado por um amigo para trabalhar como tutor de Laila, filha de um paxá. Na casa do magnata, Hamam enfrenta uma brusca mudança em seu entorno social. Laila o trata como a um amigo, e, mostrando-lhe o lado belo da vida, desperta os sentimentos do tutor.
Anwar Wagdi (1904 – 1955)
Já era ator consagrado quando em 1947 rodou seu primeiro longa-metragem, o musical Leila, filha dos pobres (Leyla, Bint Al Fuqara’), estrelado por Layla Murad. Considerado um dos maiores filmes de Anwar Wagdi, Algodão-doce (Ghazal Al Banat, 1949) antecipa o gênero da comédia musical permeado por um certo melodrama, que se tornaria uma das características do cinema árabe da década de 1950. Seus filmes seriam assistidos por multidões, fazendo grande sucesso ao redor de todo o Oriente Médio. Algodão-doce ficaria para a história do cinema árabe como o ícone desse estilo e representação de toda uma época.

poster do filme
Poster do filme
O DESEJO DA GARÇA

Título original: Du’á’ al-karawán - دعاء الكروان
1959, Egito, 35mm, pb, 109’
Idioma: árabe (legendas em português e inglês)
Direção: Henry Barakat
Elenco: Faten Hamama, Ahmed Mazhar, Amina Rizk, Zahrat El-Ola
Sinopse: Baseado no romance de 1934 do escritor egípcio Taha Hussein, esse é um conto de amor e traição, situado na zona rural do Alto Egito, no Sul do país. A história gira em torno de Amna, uma jovem que planeja vingança contra o engenheiro que destruiu sua família, levando sua irmã à morte e condenando-a a viver na desonra.
Henry Barakat (1914-1997)
Trabalhou como diretor de inúmeros filmes entre 1941 e 1984. Tido como mestre do romantismo, dono de uma direção elegante e sutil, fazia de sua produção êxito de bilheteria nos países árabes. Quando Henry Barakat voltou-se à cultura popular, por meio da respeitável obra literária de Taha Hussein, realizou aquele que seria considerado o maior de todos, O desejo da garça, onde revelava plenamente seu talento.

poster do filme
Poster do filme
A SEGUNDA ESPOSA

Título original: Al-zawja Al-thániya - الزوجة الثانية
1967, Egito, 35mm, pb, 105’
Idioma: árabe (legendas em português e inglês)
Direção: Salah Abouseif
Elenco: Soad Hosny, Shukry Sarhan, Soheir El-Morshidy, Abdel Moneim Ibrahim
Sinopse: Um abastado proprietário rural - ‘umda, segundo seu título de honra- não consegue ter filhos, mesmo após anos de matrimônio. Desesperado por um herdeiro, e com o consentimento da sua própria mulher, decide assumir uma segunda esposa. Sua escolha recai sobre uma moça já casada, que ele força ao divórcio para esposá-lo. Revoltada com a injustiça sofrida, a jovem vinga-se do marido dissipando a riqueza dele e minando o seu prestígio.
Salah Abouseif (1915-1996)
Após completar os estudos em cinema na Europa, Salah Abouseif trabalhou em 1939 como assistente de Kamal Selim na realização de Desejo, considerado precursor do gênero neorrealista. Tornou-se internacionalmente conhecido a partir de 1951, com Seu dia virá, estrelado por Faten Hamama, após o qual obteve diversos êxitos como O sanguessuga (1956), com Taheya Cariocca, O forte (1957), O começo e o fim (1960) e A segunda esposa. Egresso da geração dos denominados “cineastas da revolução”, de 1952, que contou com nomes como Salah Abou Seif, Youssef Chahine, Tawfiq Saleh e Kamal al-Sheikh, entre outros, marcou seus principais filmes com críticas às contradições da sociedade egípcia antes e após a revolução de 1952. Para mandar sua mensagem, colocou em cena o Cairo popular, suas ruelas, gente que executava ofícios humildes, além de evocar questões como o contrabando e o status da mulher.

O CARTEIRO

Título original: Al-bústagui - البوسطجي
1968, Egito, 35mm, pb, 100’
Idioma: árabe (legendas em português e inglês)
Direção: Hussein Kamal
Elenco: Seif El Dine, Soheir El-Morshidy, Salah Mansour, Zizi Mustafa
Sinopse: Abbás, habitante da cidade do Cairo, é nomeado pelo governo para ocupar o posto de fiscal numa agência de correio de uma pequena aldeia do Alto Egito. Naquele local distante, sofre com os contrastes sociais e enfrenta uma dura solidão. Ali, ao abrir uma carta que revela segredos de um caso de amor escondido das famílias, Abbás desencadeia ações que escapam do controle.
Hussein Kamal (1932-2003)
Natural do Cairo, Hussein Kamal pertenceu à nova geração que, seguindo os passos de Salah Abouseif, Henry Barakat e Kamal al-Sheikh, entre outros, abraçou o realismo na década de 1960 como forma de veicular o melodrama. Tornou-se um dos diretores egípcios de maior sucesso no cinema e na televisão. Além de O carteiro e Algum medo, que aqui exibimos, vale mencionar Confusão sobre o Nilo (Thartharah fawq al-Nil, 1971) e Meu pai está na árvore (Abi foq al-Shagara,1969). Estrelando o popular Abdel Halim Hafez, ficou 54 semanas corridas em cartaz na cidade do Cairo.

poster do filme
Poster do filme
DIÁRIO DE UM PROMOTOR

Título original: Yawmiyyát na’ib fi al-aryáf
يوميات نائب في الأرياف - Egito, 1968, 35mm, pb, 123’
Idioma: árabe (legendas em português e espanhol)
Direção: Tawfik Saleh
Elenco: Raviya Achour, Ahmed Abdelhalim, Tawfik El Dekn
Sinopse: Baseado no romance homônimo do escritor egípcio Tawfiq Al-Hakim, de 1937, registra as atividades diárias e atribulações de um funcionário público nomeado para exercer as funções de justiça numa aldeia do interior do país. O filme traça um vivo retrato das tensões sociais na região.
Tawfik Saleh (1927)
Nascido no Egito, finalizou os estudos de cinema em Paris, em 1951. Seus filmes tratam em geral de injustiças sociais, subdesenvolvimento, abuso político e luta de classes. Não raro enfrentou a censura, o que não o impediu de dirigir, com produção estatal da Organização Geral do Cinema, Diário de um promotor rural, reconhecidamente uma de suas maiores obras. Tawfik Saleh deixou o Egito no início da década de 1970 e realizou, em 1972, Al-makhdu’um, baseado na novela Homens ao sol, do escritor palestino Ghassan Kanafani, assassinado no mesmo ano pelo serviço secreto israelense ano em um atentado a bomba. Saleh, que em 1973 passara a viver no Iraque para lecionar cinema, voltou ao país de origem em meados da década de 1980 para trabalhar como docente do Instituto Egípcio de Cinema.

ALGUM MEDO

Título original: Shay’ min al-khawf - شيء من الخوف
1969, Egito, 35mm, pb, 112’
Idioma: árabe (legendas em português e inglês)
Direção: Hussein Kamal
Elenco: Yehia Chahine, Mohammed Tawfik, Shadya, Mahmud Mursi
Sinopse: Relata a história de uma gangue que se apodera de um vilarejo do sul do Egito, aterrorizando seus habitantes. O filme, tido como uma metáfora do regime nasserista, foi banido até que o próprio Nasser o liberou. O presidente alegou que se seu partido de fato se parecia com aquele bando, merecia o mesmo destino da gangue do filme. Baseado em um conto do escritor Tharwat ‘Ukásha.
Hussein Kamal (1927-)
Natural do Cairo, Hussein Kamal pertenceu à nova geração que, seguindo os passos de Salah Abouseif, Henry Barakat e Kamal al-Sheikh, entre outros, abraçou o realismo na década de 1960 como forma de veicular o melodrama. Tornou-se um dos diretores egípcios de maior sucesso no cinema e na televisão. Além de O carteiro e Algum medo, que aqui exibimos, vale mencionar Confusão sobre o Nilo (Thartharah fawq al-Nil, 1971) e Meu pai está na árvore (Abi foq al-Shagara,1969). Estrelando o popular Abdel Halim Hafez, ficou 54 semanas corridas em cartaz na cidade do Cairo.

A MÚMIA

Título original: Al-mumia - الموميا
1969, Egito, 35mm, cor, 102’
Idioma: árabe (legendas em português e francês)
Direção: Chadi Abdel Salam
Elenco: Ahmed Marei, Ahmad Hegazi, Zouzou Hamdy El-Hakim, Nadia Lutfi
Sinopse: O filme é baseado na história verdadeira do clã dos Abd el-Rasuls e a revelação do Vale dos Reis, próximo à aldeia de Kurna, em 1881. A tribo das montanhas guardava há milênios o segredo das relíquias da tumba perdida. Quando um oficial do governo egípcio descobre que peças do tesouro estão sendo vendidas no mercado negro, inicia uma investigação. O filme explora o dilema da busca por um passado reprimido e mal compreendido.
Chadi Abdel Salam (1930-1986)
Nascido em Alexandria, completou apenas A múmia, também conhecido como A noite da passagem dos anos, que o projetou como um dos maiores diretores egípcios de todos os tempos. Dotado para o desenho e a pintura desde pequeno, formou-se em arquitetura e completou na Europa os estudos em dramaturgia. Começou a carreira como diretor-assistente de Salah Abouseif, Henry Barakat e Helmi Halim, com quem descobriu sua inclinação para criar figurinos e cenários. Esse talento, aliado ao profundo conhecimento da história egípcia, faria com que fosse chamado para elaborar os sets de filmagens e o vestuário de filmes históricos, incluindo O defensor Saladino (Al nacir Salah al-Din, 1963), de Youssef Chahine. Em 1964, Abdel Salam participou de Cleopatra, de Joseph Mankiewiz, e em 1965 foi designado consultor do diretor polonês Kawalerowicz, em Faraó. Após trabalhar com Roberto Rossellini, em 1967, decidiu se tornar diretor. O italiano o encorajou e o ajudou a produzir A múmia, junto com o Ministério da Cultura e o Instituto de Cinema, então dirigido pelo importante escritor Naguib Mahfouz. Seu projeto seguinte, Akhenaton, a tragédia da grande casa, jamais foi finalizado. A partir daí, Chadi Abdel Salam dirigiu curtas e documentários caracterizados pela ênfase no elemento visual como veículo da mensagem do filme, em detrimento da cena comentada, predominante no gênero documentário até então. Em 1968, foi nomeado diretor do Departamento do Filme Experimental, subseção do Centro de Cinema Documentário do Egito, no qual impulsionou o cinema inovador no país.

A TERRA 

Título original: Al-ard - الأرض
1970, Egito, 35mm, cor, 130’
Idioma: árabe (legendas em português e inglês)
Direção: Youssef Chahine
Elenco: Hamdy Ahmed, Yehia Chahine, Ezzat El Alaili, Tawfik El Dekn
Sinopse: Nas lavouras de algodão às margens do Nilo, em meados da década de 1930, desenvolve-se o drama da redução do fornecimento de água de dez a apenas cinco dias por mês para os camponeses, em nome do aumento da cota destinada ao latifundiário. Ao mesmo tempo, a disputa pelo amor da bela filha de Abou Swelem representa a própria disputa pelo futuro. Baseado no romance de Abd el-Rahman al-Charqawi, o filme narra a história épica de duas gerações confrontadas com a expropriação de suas terras e a perda de seus valores.
Youssef Chahine (1926-2008)
Um dos principais diretores egípcios, natural de Alexandria, deixou uma extensa e rica filmografia. Seus primeiros filmes, Pai Amin (Baba Amin, 1950) e Filho do Nilo (Ibn el Nil, 1951), rodados logo após uma jornada de estudos nos Estados Unidos, não seriam considerados impactantes, ao contrário da vasta produção subsequente. Já a partir de 1954, com Batalha no vale (Siraa fi al wadi), contando com um elenco estrelado por Faten Hamama e Omar Sharif, causaria notável reviravolta nas regras da cinematografia. Os críticos, bem como sondagens sobre o cinema árabe em geral, apontam A terra como o maior filme de Chahine, e possivelmente o principal da história do cinema árabe. Para descrever sua obra prima, reproduzimos as palavras do próprio autor: “As pessoas querem a terra... A terra é desejada pelo paxá... O paxá quer roubar... e os roubados somos nós. Nós, os pobres, que temos um conflito tão velho quanto o tempo com o paxá e o Estado.”

poster do filme
Poster do filme
O COLAR E A PULSEIRA

Título original: Al-túq wa al-iswára - الطوق والاسوارة
1986, Egito, cor, 110´
Idioma: árabe (legendas em português e inglês)
Direção: Khairy Bishara
Elenco: Muhammad Munir, Sherihan, Furdus Abdulhamid, Ahmad Badir, Ezzat El-Alaili
Sinopse: Estrelado pelo famoso cantor pop núbio Muhammad Munir, baseia-se em um romance de Yahya Taher Abdullah (1938-1981). Trata-se de uma crítica ao provincianismo, com personagens típicos, como o santarrão de aldeia, o místico, etc. num retrato dos problemas vividos por essa sociedade e a sua falta de perspectivas.
Khairy Bishara (1947)
Completando os estudos no Instituto Egípcio de Cinema no Cairo, em 1967, começou a realizar filmes na década de 1970, sendo considerado integrante do grupo de diretores a redefinir o realismo no cinema egípcio nos anos 1980. O colar e a pulseira é considerada uma de suas melhores produções, mencionado na recente publicação da Bibliotheca Alexandrina como um dos 100 filmes mais importantes da história do cinema egípcio.